Shorin-ryu (少林流) é um estilo de Karatê originário de Okinawa e de cujo desmembramento surgiram vários dos demais estilos de Karate hoje praticados no mundo, como o Shotokan, o Shito-ryu e o Wado-ryu. Shorin é a pronúncia japonesa da palavra chinesa Shaolin, que quer dizer "Pequeno Bosque", sendo assim, como Ryu significa Estilo, Shorin-ryu seria o "Estilo do Pequeno Bosque".
As raízes do estilo Shorin-ryu se confundem com as raízes do próprio Karate e remontam ao fim do século XVIII, na ilha de Okinawa. Àquela época, a ilha era a sede do hoje extinto Reino de Ryukyu, que englobava todas as ilhas do Arquipélago de Ryukyu, hoje pertencentes ao Japão. De fato, um preciso estudo das origens do Karate não pode ser feito de forma dissociada do estudo da cultura de Ryukyu. Nesta seção, a periodização histórica utilizada será baseada na vida dos mais importantes Mestres do estilo Shorin-ryu.
Como as características do Estilo Shorin, temos os seguintes pontos principais:
· O método de respiração, é com postura natural sem mostrar “suki” (momento instantâneo de desatenção, desproteção, descuido, imprudência, precipitação,etc ) e/ou “iro”( cor ou fisionomia do rosto) ao adversário e, é importante dar um movimento rápido com inteligência. Portanto, não pode alterar a cor do rosto e, a respiração e inspiração não podem ser percebidas pelo adversário
· A aplicação da Força é de dentro pra fora e é importante concentrar a força instantaneamente. Portanto, apesar de que a linha de “enbu” (movimento das partes do corpo durante o exercício de arte marcial) seja reta, para o ataque e a defesa são exigidas agilidade aproveitando o movimento circular e, eles devem ser reunidos em um só movimento com rapidez e inteligência.
Peichin Takahara (1683 - 1760)
Nascido na vila de Akata Cho, Takahara viveu a maior parte da vida na cidade de Shuri, capital do Reino de Ryukyu, e foi o maior Mestre de Te (mão) à sua época. O Te era uma arte marcial nativa de Okinawa e cujo nome significava simplesmente "mão", por ser uma forma de luta praticada sem armas.
O desenvolvimento do Te enquanto arte marcial se perde nas brumas do tempo, visto que o mesmo surgiu de forma secreta entre os camponeses de Ryukyu, que eram proibidos de portar armas a fim de se evitar revoltas. Dessa forma, o Te era ensinado em reuniões secretas e sua própria organização se assemelhava à das Sociedades Secretas, com iniciações e graus de hierarquia interna.
Por volta de 1750, um monge budista chinês do Monastério Shaolin chamado Kusanku[2] foi enviado a Okinawa como uma espécie de embaixador. Àquela época, Ryukyu era um reino independente, mas cultural e comercialmente dependente da China Imperial.
Como a maioria dos monges Shaolin, Kusanku era praticante de Kung fu (na época chamado Ch'uan Fa). Como Shuri era a capital, foi para lá que ele foi enviado e lá, entrou em contato com Takahara, já com uma idade bastante avançada. Ambos trocaram conhecimentos sobre artes marciais, mas não desenvolveram nenhuma relação Professor-Aluno.
Uma curiosidade acerca de vida de Peichin Takahara é que se atribuem a ele os primeiros mapas da ilha de Okinawa. Verdade ou não, consta que se tratava de uma pessoa muito instruída, que alguns afirmavam se tratar de um monge budista.
Choshin Chibana (1885 - 1969)
Com a morte de Itosu, seus discípulos se desentenderam acerca da sucessão do Mestre, mas coube a Chibana ocupar o título de Grão-Mestre do estilo. Muitos vêem neste ato a criação do Shorin-ryu, enquanto outros apenas vêem a consolidação de sua existência já então muito antiga. Seja como for, Tokuda e Motobu mantiveram-se fiéis ao estilo que aprenderam com seu Mestre e, embora não aceitassem plenamente a autoridade de Chibana, não ousaram criar dissidências. Funakoshi, contudo, tentou fazer o que seu Mestre não havia logrado: levar o Karate para o Japão.
Tecnicamente, com a anexação de Ryukyu, o Karate já era uma arte marcial japonesa, mas a verdade é que ele era quase desconhecido (e visto com maus olhos) no arquipélago principal; assim como tudo o que vinha de Okinawa que, até hoje, é a prefeitura mais pobre e negligenciada do Japão.
Para levar o Karate ao arquipélago principal, Funakoshi dedicou-se a alterá-lo a fim de contornar a intolerência japonesa para com os costumes e idéias de origem chinesa. Assim, alterou nomes (traduzindo todas as palavras chinesas para o japonês; diz-se, inclusive, que o próprio nome Karate seria uma niponização de Tang Te, usado até então, sendo que o som das duas expessões é muito semelhante e Funakoshi teria passado a escrever Karate também a fim de nipozar a arte marcial) e algumas bases, de modo a criar diferenças sutis, mas suficientes para tornar a arte marcial palatável aos japonses. Fundou então um dojo, ao qual deu (ou, segundo outra versão da história, seus alunos deram) o nome de Shotokan, literalmente, "Escola do Shoto", sendo que Shoto (Vento nos Pinheiros) era seu apelido. Até mesmo o uniforme de treino do Karate foi niponizado, uma vez que o primeiro Karate-Gi utilizado por Funakoshi era, na verdade, um Judo-Gi, ou seja, um kimono de Judo.
Enquanto Funakoshi fazia progressos na inserção do Karate no Japão, Chibana enfrentava dificuldades na manutenção da unidade do Estilo Shorin-Ryu.
Escolas do Estilo
Após a morte de Choshin Chibana, muitos de seus alunos não aceitaram a escolha de Katsuya Miyahira como novo Grão-Mestre do Estilo Shorin-Ryu. Essa atitude precipitou a criação de diversas escolas dentro do Estilo.
Na prática, uma escola não é um estilo separado por manter raízes históricas unidas com as demais de seu estilo, bem como por manter em sua gama de Katas ensinados os Katas de seu estilo matriz. Contudo, a criação de uma escola equivale à dissenção de uma linha de pensamento, o que acaba sendo o primeiro passo para o surgimento de um estilo próprio. De fato, é possível que as muitas escolas do estilo Shorin-Ryu hoje existentes só se mantenham a ele vinculadas porque esse é um dos estilos mais tradicionais do Karate e acaba sendo preferível a muitos mestres serem os líderes de uma escola desconhecida dentro de um estilo importante do que serem os líderes de um estilo desconhecido.
Segue alguns estilos: Shidokan, Shorinkan, Kyudokan, Matsubayashi, Seibukan, Shobayashi, Shinshukan.
Katas
As técnicas do estilo são aperfeiçoadas através do treino de kihon (exercícios fundamentais), kata (exercícios formais) e kumite (luta), incorporando princípios filosóficos, tanto na teoria quanto na prática.
Há, ao todo, 21 kata, aprendidos pelos praticantes do estilo nesta ordem:
01- Naihanchi Shodan
02- Fukyu-gata Dai Ichi 03- Naihanchi Nidan 04- Naihanchi Sandan 05- Fukyu-gata Dai Ni 06- Pinan Shodan 07- Pinan Nidan 08- Pinan Sandan |
09- Pinan Yondan
10- Pinan Godan 11- Itosu no Passai(anteriormente denominado Passai Sho) 12- Kusanku Sho 13- Matsumura no Passai(anteriormente denominado Passai Dai) |
14- Kusanku Dai
15- Chinto 16- Jion 17- Gojushi-ho 18- Teesho 19- Koryu Passai 20- Unshu 21- Ryuko |
Ao chegar ao 5º DAN, o karateca do estilo Shorin-ryu deve saber fazer e demonstrar com maestria as técnicas contidas nestes 21 Kata.
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