Quando um estudante de
Karate-dô chega ao dôjô, deverá ter esclarecido que alí não só vai exercitar-se
fisicamente, pois no treinamento, além do corpo deve incluir a mente e o
espírito. Estos três fatores são indissociáveis e devem ser treinados de uma maneira
integral; para isso é necessária a total atenção e concentração nos nossos atos;
máxime quando deles pode depender a nossa vida ou a integridade física. É o que
os mestres japoneses denominam o Shingitai. O shingitai refere-se às três
qualidades que devem manifestar os danes e kyus: shin (o espírito, o caráter),
gi (técnica na arte praticada), tai (elementos corporais). Outra interpretação
seria: shin (céu), gi (terra) e tai (homem); shingitai, reunir os três
elementos.
Quando realizamos um
gedan-barai é evidente que é uma ação física, mas, o realmente importante não é
a ação muscular, mas sim a atitude e a intenção com a qual executamos a
técnica, já que esta só será efetiva se realmente está involucrado todo o nosso
ser. Como pode ser isto possível? Pensemos como é possível desenvolver técnicas
eficazes, se durante a prática nos distraímos e falamos com os colegas, se
pensamos e ocupamos nossa mente em coisas alheias à prática, se esperamos com
ansiedade as pausas ou descansos e além disso as desperdiçamos falando, se nos
preocupamos por quanto falta para finalizar, se tememos que nos calhe um
parceiro que trabalha muito forte, se pensamos exteriorizando-o ou não, ’’ - uffa,
outra vez este kata!” se duvidamos da metodologia do Sensei (aquele que viveu)
ou mestre e, em resumo, qualquer tipo de pensamento ou ação que nos afasta e
distrai do sentido original da prática do budô.
A meditação somente nos
traz benefícios, pois ela nos proporciona a possibilidade de encontro com
aquilo que há de mais profundo dentro de nós.
Ela equilibra as
emoções, nos põe em contato com nosso subconsciente, provoca o relaxamento
através do "esvaziamento" de nosso campo mental, sua prática
constante desenvolve a concentração e o autocontrole, equilibra a ansiedade,
além de nos direcionar por um caminho espiritual mais consistente e realizador.
A meditação é,
inegavelmente, uma colaboradora no processo de fundamentação de nosso
desenvolvimento mental e espiritual e nosso sentido de vida. Não acredito em
desenvolvimento do espírito sem a prática da meditação. De verdade, a prática
da meditação promove a possibilidade de tudo isso, pois ela abre canais que não
imaginamos possuir. Sem nos percebermos de como acontece, enxergamos a vida sob
novas perspectivas, adquirimos novas maneiras de solucionar problemas, o canal
de intuição e de comunicação com energias sutis é lentamente aberto.
O estado de observância
sem julgamento é objetivo da meditação, contrariando toda ação racional que o
indivíduo possa ter desenvolvido. Temos que equalizar nossa frequência cerebral
para que possamos reconhecer um conhecimento novo (um técnica de ataque do
oponente) ou articular com mais velocidade as conexões encefálicas que levem um
aumento significativo na velocidade de reação, que daí possa fazer a diferença
entre ganhar ou perder no momento da competição.
A falta de um
treinamento mental levam a um comprometimento ao aprendizado área cognitivo
(técnicas e táticas) como também na otimização das ações biopsicodesportivas (disciplina
ou fairplay) dos atletas , em virtude do cansaço físico e a dispersão mental
que desenvolvem no treinamento os impulsos cerebrais medidos com eletro-encefalograma
que demonstraram na grande maioria nos casos pesquisados uma frequências de
ondas altas e disformes mostrando com isso uma falta de atenção e de
concentração na aula, ou no treinamento gerando ações inseguras no atleta nas
competições.
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