A
questão pertinente a Educação Física Adaptada, tem atualmente sido motivo de
muitas discussões desenvolvidas no meio acadêmico e científico, por
profissionais da área em questão. Nesse sentido, observa-se a grande
importância de procedimentos de pesquisa nessa população, dando subsídios para
atuação dos profissionais da área.
Autores como DUARTE (1992), consideram que apenas recentemente, a Educação
Física começou a se preocupar com a atividade física para pessoas com
deficiência. Ele considera que o desenvolvimento do quadro qualitativo e
quantitativo de pesquisas nessa área vai depender basicamente das iniciativas
de pesquisas das Universidades.
Os problemas que envolvem deficientes estão presentes na sociedade desde os
mais remotos tempos, SILVA (1987). A evolução no processo civilizatório da
humanidade nos orienta como foi e tem sido a forma de tratamento atribuído a
pessoa deficiente.
Os jogos organizados sobre cadeira de rodas forma conhecidos após a Segunda
Guerra Mundial, onde esta tragédia na história da humanidade fez com que muito
dos soldados que combateram nas frentes de batalha voltassem aos seus países
com seqüelas permanentes. Porem este evento,proporcionou a pessoa com
deficiência, melhores condições de vida, pois os deficientes pós-guerras eram
heróis e tinham o respeito da população por isto, bem como uma preocupação
governamental (GUTTMANN, 1981, ADMS E COL 1985; ALENCAR, 1986 CIDADES E
FREITAS, 1999).
A partir das duas Guerras Mundiais, a necessidade das modernas sociedades em
aumentar o rendimento com a diminuição do investimento, e sustentar elementos
não produtivos, houve uma preocupação nas descobertas de métodos que visassem
uma reintegração social do deficiente e, na medida do possível, torna-lo um
fator de produção para a sociedade.
Surgiu então a atividade física, que tem demonstrado sua eficiência como um dos
métodos a serem utilizados no arsenal terapêutico desta recuperação. Com o
avanço científico moderno, o progresso dos conhecimentos o terreno da
fisiologia do exercício, da psicologia, dos fatores biomecânicos, dos métodos
de avaliação, da sociobiologia vieram despertar ainda mais, tais atividades.
(ROSADAS, 1991),
Para ARAÚJO (1998) o desporto adaptado se propunha a minimizar as seqüelas nos
soldados acometidos pelos traumatismos, em decorrência das guerras, mais
especificamente em relação à Segunda Guerra Mundial, na década de 40. O
objetivo da reabilitação dos soldados feridos em decorrência da guerra, naquele
momento era prioridade do governo dos países envolvidos no conflito e também da
classe científica, pois a expectativa e a qualidade de vida chamavam a atenção
para a necessidade de estudos. Por outro lado, estes governos sentiam-se na
obrigação de dar uma resposta à sociedade, no sentido de estar fazendo alguma
coisa para minimizar as adversidades causadas pela guerra.
Os primeiros passos, neste sentido ocorreram em fevereiro de 1944, quando
médico alemão, de origem judaica, exilado na Inglaterra, Sir Ludwig Guttmann,
neurologista e neurocirurgião, foi convidado pelo governo britânico para fundar
o centro de reabilitação para tratamento dos soldados lesionados medulares no
Hospital de Stoke Mandeville, próximo à cidade de Aylesburg. Dr. Guttmann
dedicou-se a esta atividade de 1943 a 1980. O primeiro programa de esporte em
cadeira de rodas foi iniciado no Hospital de Stoke Mandeville em 1945, com o
objetivo de trabalhar o tronco e os membros superiores e diminuir o tédio da
vida hospitalar e prepara-los para o trabalho.
Em 1960, o Dr. Guttmann concretizou seu sonho, idealizado em 1948, de realizar
um evento que tivesse o mesmo impacto de uma olimpíada. Realizado em Roma, o IX
jogos de Stoke Mandiville, teve a presença de 400 participantes de 23 países,
com apoio do Comitê Olímpico Italiano (COI), que passaram anos depois a se
chamar “Paraolympics” (Olimpíadas para paraplégicos).
A introdução do esporte adaptado no Brasil se deu por meio de Del Grande com
grupo que veio fazer jogos de exibições nas cidades do Rio de Janeiro e São
Paulo. Um dos elementos que se chamava Jean Quellog sugeriu a Del Grande que
fundasse um clube dos paraplégicos no Brasil. Ele despachou uma cadeira
esportiva dos Estados Unidos e Balmer (um antigo fabricante de cadeira de
rodas) fez as outras.
As modalidades esportivas para as pessoas com deficiências físicas são baseadas
na classificação funcional e atualmente apresentam uma grande variedade de
opções. As modalidades olímpicas são o arco e flecha, atletismo, basquetebol,
bocha, ciclismo, equitação, futebol, halterofilismo, iatismo, natação, rugby,
tênis de campo, tênis de mesa, tiro e voleibol (ABRADECAR, 2002).
A participação de pessoas com deficiência física em eventos competitivos no
Brasil e no mundo vem sendo ampliada. Por serem um elemento ímpar no processo
de reabilitação, as atividades físicas e esportivas, competitivas ou não devem
ser orientadas e estimuladas, visando assim possibilitar ao portador de
deficiência física, mesmo durante seu programa de reabilitação alcanças os
benefícios que estas atividades podem oferecer, visando uma melhor qualidade de
vida.
Dentro dos esportes adaptados apresentados, nota-se que há muito pouco espaço
para as artes marciais, tornando-se necessário desenvolver ou adaptar artes
marciais para esta população. De acordo com dados do Censo, 24,5 milhões de
brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que corresponde a 14,5% da
população e a prática de uma atividade física adaptada, proporciona á pessoa
com deficiência física condições através da pratica do esporte, da recreação e
do lazer uma melhor qualidade de vida.
Alguns autores como GUTTMAN (1976b), SEAMAN (1982), LIANZA (1985), SHERRILL
(1986), ROSADAS (1989), SOUZA (1994), SCHUTZ (1994) e GIVE IT A GO (2001)
ressaltam que o esporte adaptado traz inúmeros benefícios como melhoria e
desenvolvimento de auto-estima, auto-valorização e auto-imagem; o estímulo à
independência e autonomia; a socialização com outros grupos; a experiência com
suas possibilidades, potencialidades e limitações; a vivência de situações de
sucesso e superação de situações de frustração; a melhoria das condições
organo-funcional (aparelhos circulatório, respiratório, digestivo, reprodutor e
excretor); melhoria na força e resistência muscular global; a possibilidade de
acesso à prática do esporte como lazer, reabilitação e competição; prevenção de
deficiências secundárias entre outras
Em Paises como a Irlanda, Japão e Portugal, já existe a prática do Karatê para
cadeirantes. No Brasil existem vários esportes para deficientes como arco e
flecha, bocha, halterofilismo, hipismo, natação, tênis, dentre outros, porém
não se tem registro do ensino teórico-prático do Karatê para esta população.
A partir de pesquisas incipientes, há registros que a prática do Karatê para
pessoas portadoras de deficiência física temporária ou permanente pode ser
viável, uma vez que já existe a prática do Karatê para essas pessoas, o Karatê
em Cadeira de Rodas.
O Karatê em Cadeira de Rodas atua simultaneamente como autodefesa e como bom
exercício, no desenvolvimento de capacidades, de reflexos e força, para pessoas
deficientes. Para isso, adaptou-se um sistema similar aos métodos aplicados no
Karatê Tradicional, para o Karatê em Cadeira de Rodas.
Os métodos utilizados no ensino do Karatê adaptado são os ideais para as
pessoas que estão recuperando de doenças ou se encontram fisicamente fracas ou
que por alguma razão estão incapacitadas de praticar essa modalidade. Deste
modo podem praticar o Karatê em Cadeira de Rodas até que estejam aptos para
voltar ao treino regular.
A ACMS (Colégio Americano de Medicina do Esporte) (1997), relata que um
programa de atividades físicas para as pessoas com deficiência física devem
observar a princípio se a adaptação dos esportes ou atividades mantendo os
mesmos objetivos e vantagens da atividade e dos esportes convencionais, ou
seja, aumentar a resistência cárdio-respiratória, a força, a resistência
muscular, a flexibilidade, etc.
Um outro ponto a considerar na elaboração de atividades para as pessoas de
necessidades educativas especiais, em destaque aqui o indivíduo com deficiência
física, é a necessidade de adaptação dos materiais e equipamento, bem como a
adaptação do local onde esta atividade será realizada.
O projeto de pesquisa torna-se importante por serem inexpressivos trabalhos a
nível acadêmico sobre o assunto. A escolha de uma modalidade esportiva pode
depender em grande parte das oportunidades que são oferecidas as pessoas com
deficiência física, da sua condição sócio-econômica, das suas limitações e
potencialidades, da suas preferências esportivas, facilidade nos meios de
locomoção e transporte, de materiais e locais adequados, do estímulo e respaldo
familiar, de profissionais preparados para atendê-los, dentre outros fatores.
Fonte: Edução Física
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