Navegando pela internet em busca de novos conhencimento para poder postar aqui no site, encontrei esse artigo de Marcos Hashimoto que compara as atitutes de um carateca com a de um negócio o texto é tão bom que vai na integra para que você possa ter uma melhor noção de como esta arte marcial é capaz de nos ajudar em nosso dia-a-dia.
Os fãs de esportes de luta dificilmente
acreditariam, se consultados há um ano, que a Rede Globo passaria a
transmitir as lutas nas noites de sábado desde Novembro do ano passado.
Antes relegados a aficionados, esportes violentos não costumavam ter
espaço em redes de ampla cobertura. Hoje, quem não conhece Anderson
Silva? A popularização do chamado MMA (Mixed Martial Arts), mais
conhecido aqui no Brasil como ‘vale tudo’, se deve muito à prática e
disseminação mundial do jiu-jitsu brasileiro (cujos pioneiros foram os
Gracie no final dos anos 80), mas é democrático o suficiente para
acomodar o judô, o aikidô, o kung-fu, o boxe, o karatê e o muay-thai,
justamente o que torna o esporte tão popular hoje.
O que
pouca gente sabe é que sou faixa preta de Karatê, 1º Dan, esporte que
pratico desde 1987, estilo Shotokan. Nunca tive interesse em
competições, embora, na minha formação, tenha sido importante ter
participado de algumas nos anos 90. Hoje pratico mais para manter a
forma e, acima de tudo, o espírito. Assim como em todas as artes
marciais, o corpo treinado não é nada sem a mente. O karateca bem
preparado tem a mente em equilibro antes de qualquer coisa e para isso é
preciso treinar o espírito, a essência desta arte milenar que vai muito
além da luta e das competições. Desde o ano passado tenho estudado as
relações entre a filosofia dos esportes de artes marciais e as
características empreendedoras e aproveito o crescente interesse no MMA
para contar o que aprendi com o Karatê:
Persistência: A
derrota faz parte do aprendizado do karateca (praticante do Karatê). Ele
precisa aproveitar suas derrotas para se erguer mais forte. A
frustração da perda serve como alimento da perseverança e determinação.
“se cair 10 vezes, levante-se 11”, é um dos lemas do Karatê. Assim como o
karateca, o empreendedor também não tem medo de errar e fracassar. Ele
também não desiste nunca e se mantém fiel e determinado a atingir seus
objetivos.
Conjunto e equilíbrio: Dar um soco não é tão
simples quanto fechar o punho e esticar o braço. Um soco potente é dado
com todo o corpo, como resultado de um ombro bem colocado, que é
empurrado pelo quadril, que é apoiado pela perna. Um conjunto bem
equilibrado é que garante a força dos golpes. Da mesma forma, em uma
empresa um negócio concretizado não é responsabilidade apenas do
vendedor, e sim de todo um conjunto de pessoas e departamentos, que, em
processos harmonizados e equilibrados, atuam juntos para o sucesso do
negócio. O equilíbrio também se dá no ‘tandem’, região do baixo ventre
que é o centro de equilíbrio do corpo. Todos os movimentos se originam
com a força no ‘tandem’. Nas empresas, este centro de equilíbrio é a
estratégia, que embasa todas as decisões e ações do negócio e em torno
do qual giram os controles, os recursos e as pessoas.
Competitividade:
O karatê é a arte da não agressão. O confronto deve ser o último
recurso. Um karateca bem treinado pode ser mortífero e por isso, precisa
conter o espírito de agressão. Seu treinamento mental exige a
disciplina de não se deixar levar pelas provocações e manter a
serenidade diante de ambientes agressivos e hostis. Da mesma forma, o
empreendedor busca sempre a parceria e cooperação como primeira forma de
interação com os concorrentes. O confronto direto é, para ele, o último
recurso, pois ele sempre acredita que construir junto é melhor do que
destruir um ao outro. O respeito e a cordialidade imperam em todas as
relações pessoais e demonstram caráter e valores que devem prevalecer
antes de contratos e regras nas comunicações e negociações, seja com
clientes e fornecedores, seja com concorrentes e parceiros.
Auto-conhecimento:
O principal adversário do karateca é ele mesmo. As barreiras que o
impedem de se tornar mais eficaz e forte residem em sua própria mente. A
prática do Karatê permite a descoberta de nossas limitações e
fraquezas. Se treinado com afinco, logo descobrimos até onde podemos ir e
o que não conseguimos fazer. Com este autoconhecimento podemos avaliar
nosso progresso, o aprimoramento das competências e a redução dos erros.
O empreendedor que se conhece é mais auto-confiante, pois sabe em que
terreno pode atuar com facilidade e sabe quais esforços conduzir para
superar seus limites e dificuldades. Por causa da auto-confiança, o
empreendedor não precisa provar nada para ninguém. Não precisa se
vangloriar pelo seu sucesso. Por isso é raro encontrar um empreendedor
que se julgue empreendedor. Assim como o karateca é humilde o suficiente
para admitir que, mesmo na faixa preta, ainda se considera um aprendiz,
o empreendedor também é modesto a ponto de não aceitar que possui todas
as características positivas dos empreendedores bem sucedidos e famosos
e é por acreditar nisso que ele está sempre procurando se desenvolver e
aprender, almejando sempre a perfeição.
Busca da
perfeição: Um dos tipos de treino do Karatê é o Kata, que significa
‘forma’, uma seqüência de movimentos pré-definidos (são 26 Katas no
estilo Shotokan) que simulam um combate contra lutadores imaginários.
Assim como uma dança, o karateca pode aprender os movimentos de um kata
em apenas um mês de treino. Por outro lado, podem ser necessários anos
de treinos exaustivos até que os movimentos de um kata fiquem perfeitos.
A perfeição e a melhoria são perseguidos constantemente, e ele sabe que
nunca serão plenamente alcançados. A excelência é, para o empreendedor,
uma jornada e não um destino. O empreendedor também é um curioso nato,
com fome insaciável pelo aprendizado. Por mais que aprenda e se
desenvolva, sempre acha que pode melhorar mais, tanto a si mesmo como o
seu negócio. A melhoria é, para o empreendedor, um processo sem fim.
Visão:
Para quebrar uma telha ou uma madeira, o karateca é treinado para
concentrar seu foco de visão para além do objeto que deve quebrar.
Visualizar seu soco atingindo apenas o objeto não é o mesmo que
visualizar seu soco atravessando o objeto. Para obter o resultado
desejado, é preciso ‘ir além’ do objetivo, pensar mais adiante, mais
além da meta. É esta visão que também fortalece as competências
empreendedoras. O empreendedor aprende a construir uma visão muito mais
ampla do que seus objetivos, muito além dos seus limites, distante e até
inalcançável, mas sempre um parâmetro de inspiração para sempre superar
seus limites e restrições.
Paciência e esforço: É preciso
muito treino para se tornar um faixa preta. Pelo menos cinco anos
ininterruptos para então descobrir que o verdadeiro Karatê começa na
faixa preta. Para dar um bom chute ou um soco bem feito, é preciso
repetir dez mil vezes o golpe de forma correta até entender e incorporar
a biomecânica do golpe. Em uma situação de luta, é preciso saber
esperar o momento certo para aplicar certos golpes e é preciso muito
treino para aplicar o golpe mais apropriado e de forma correta no meio
da luta. O karateca sabe que o treino é exaustivo para que, na hora da
necessidade, ele não precise pensar que golpe usar, mas que o mesmo
venha de forma instintiva e automática. Da mesma forma, o empreendedor
precisa treinar sua paciência para executar sua estratégia e manter o
sangue frio diante de circunstâncias desfavoráveis para o negócio. A
prática de vivenciar situações de crises é que vai fortalecê-lo cada vez
mais. Tanto para o empreendedor como para o karateca, o esforço
extenuante, o cansaço e a rigidez só servem para cimentar sua
determinação, lapidar sua força de vontade e forjar seu caráter e
espírito de luta.
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